segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Estação quarta

Da dor

quando a mansidão e a delicadeza encontram a dor e o desgosto,
o descaso e o sofrimento, o corpo padece e a alma sofre
nada há no mundo que se compare à dor da perda: uma estação no inferno, eivada de lamentos e horrores, uma viagem nas barcas solitárias dos homens ermos, que de repente se encontram órfãos: de pais, de mães e de si mesmos,
exilados de seus próprios corpos

das descobertas

primeira estação, segunda, terceira, quarta estação: estações:
bordo, bombordo, estibordo, aeroportos, aeroplanos, tantos planos,trens,
gares e galeras, galerias dos que se foram,
memorias dos que virão, VERÕES verões
estações de idas, de voltas, a descoberta dos primeiros amores,
numa estação,oracoes, erecoes, num estar são assim de bem com a vida,
num barco a vela, num avião, numa jangada,
titanic reinventado,
uma quilha,
na pilha
uns amores inteiros:
descobertas.

dos ires e vires

depende. de repente
qual é a quarta estação? depende
do nosso estado. de corpo, de espírito,
do nosso estado de estarmos
tranqüilos e serenados, espinha reta,
dedo em riste,
carne dura
mente abertalerta ao infinito:
assim, é primavera:
plenitude, aberturas, cheiros,
cores, planos,
pianos ao luar, sóis refulgentes:
gente que ziguezagueia
como abelhas
se afogando
nos néctares alheios.

se estamos no entanto,
em épocas outras,
de desencantos, de desaalentos,
de corpos mornos,
porém sozinhos
sem tônus,
a quarta é o outono:
folhas que caem,
versos que se apagam
poetras que cantam
como quem morre
de ócios e vícios
cigarras temporas

se os corpos queimam,
e as veias ardem
os sentidos
se alardeiam
aos quatro ventos
somos das águas, dos mergulhos exteriores
somos verão
desfrutares somente
nao interiores.

se o corpo cedea ao peso
de tantos planos,
de tsantos caantos
desencantados
de tantos brados
tantos braços
todos os abraços
partidos:
os tempos idos,
vívidos na memoria
que se insistem jovens
em corpos fracos
a estação quarta
nos inverniza:
e não há vernizes
ou retóricas
que nos tragam os lírios
que levaram os rios.

choram as flores
deixadas ao relento
ao sabor das águas.

Se os corpos se acendem
E as veias ardem
Em sentidos primários
Se alardeiam
Aos quatro ventos
Somos a estação
dos mergulhos exteriores
Somos verão
do corpo: não alma:
Desfrutrares somente
Sem interiores.

Se o corpo cede ao peso
De tantos planos,
De tsantos caantos
Desencantados
De atantos brados
De tantos braços
De todos os abraços
Partidos:
Os tempos idos,
Vívidos na memáoaria
Que insistem jovem
Em corpos fracos
A estação quarta
Nos inverniza:
E não há vernizes
Ou retórias
Que nos tragam os lírios
Que levaram os rios.

Um comentário:

  1. Tristemente belo! Intenso e pungente!
    Sei lá, me senti meio náufraga de mim e da humanidade. Uma viagem? Não sei...

    Gostei muito e me comoveu demais.

    beijo

    ResponderExcluir