segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

sub-verter

subverter os sentidos
os desejos,
anarquizar os quereres:
somos soma assim:
cavalgando sonhos
e presenças prenhes
de tanta espera.

domingo, 31 de outubro de 2010

álbuns

cadernos de viagem, álbuns,
rosas secas, flores mortas,
lendas, rumos,
cacos, caos e casos
muito desfeito
mitos mortos
outros tempos.
...são apenas álbuns. cadernos velhos. descorados
descoladas idéias
desolados cantos
de quem nem se sabe mais:

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

himalaias


imagem: travelmeasia/flickr

Te ter é bom
É bom te ter,assim,
Fresca e exangue
Carne e sangue
Em minhas mãos
Traçar carícias
Em tua geografia
Mais profunda
Desenhar o prazer
Em tua pele clara
É o que me dá prazer:
Penetrar, adentrar,
Ancorar em tua alma:
Alma?
Território inexplorado
E proibido
Aos desavisados:
Aqui, não se chegfa a esmo
nem impunemente:
é como sorver
ares rarefeitos
de himalaias

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

ar.ar.ar.


imagem: ivongomes/Flickr

,a porta.
abrir a porta.
empurrar.forçar.
a porta.
não. não é
uma metáfora
ou retórica
as pedras pesam
e despencam
pesa a falta de ar.
pesam os fardos
e os dardos envenenados.
ar.ar.ar.
empurrar.
expiar
respirar,

segunda-feira, 24 de maio de 2010

três poemas de tereza primola

Nas Curvas do tempo

Pela janela, olho
o desfiar do tempo
que nos antecede
que nos sucede,
sinto a sede
das coisas que insistem
em querer ficar
vivas,na lembrança.

Volto à infância
tempo de puros
momentos lúdicos
ilógicos
jogos de armar
encantamentos primeiros
e me descubro
assim como flor,
que fenece,
sem saber o porquê.

Parece que foi ontem.
Menina, já prá escola!
Menina, prá dentro,
Menina, seu pai não gosta
de saia curta e baton!
Menina, cuidado com a vida,
Menina, cuidado com o mundo!
E eu a me balançar
no balanço do tempo.

Olho lá fora, as estações
que se sucedem
indiferentes à queda
ou ao vô dos pássaros,
das flores,
das coisas,
e me sinto assim,
perdida no tempo.

Onde foi que deixei
meu coração?
Onde foi que esqueci
os sonhos todos?
Em que gaveta guardei
os meus segredos?

Meus modos,
meus medos
meus gritos mudos,
Quando foi que me esqueci
numa curva qualquer
da minha estrada?


Maçã em papel de seda

Pressentir
o sabor da maçã
adivinhado no papel
azul que a embrulha.

Perceber
o belo da flor de maio
pelo seu cheiro
aroma que invade
o quarto.

Antegozar
as delícias da luz
pelo entrever das frestas
que se infiltram
na caverna escura.

Seguir assim.Adivinhando
delícias
nos jardins do Éden
e seguir
passo a passo
um passo de cada vez.

A vida se faz assim.
A cada dia, um canto novo
um novo olhar
um re-caminhar.

Cotidiano

Estamos presos,
por fios de seda
aos designios divinos
e a vida corre
em nossas veias
como um vinho raro
que sorvemos, gole a gole,
como se fora o néctar
das vinhas de Deus.

Vivemos. E isto nos basta
pois é grande e belo
o ofício de viver.
E por vivermos,
sonhamos,
e agimos,
esperamos
e nos deitamos às sombras
das frondosas árvores
comendo dos frutos
do conhecimento
qual Adões e Evas redivivos
ressurgidos das próprias
cinzas
fênixes desenjauladas.

E assim caminhamos.
Até onde
ainda não sabemos.
Apenas sabemos
do prazer da caminhada
da brisa que sopra no rosto
do gosto da fruta
que nos mata a fome
e do frescor da água
que nos reanima.

E basta-nos isto
nada mais do que isto:
respirarmos e amarmos
para sermos felizes

Tereza Primola é poeta mineira- radicada em Brasilia- esses poemas foram publicados originalmente em www.overmundo.com.br

sábado, 13 de março de 2010

manifesta

não queremos as primeiras
nem as primicias
queremos sim, as segundas
feiras
feias
as segundas intenções:
queremos a poesia
que se estende além
dos livros e dos horizontes
queremos o amargo e o vício
do deleite com a palavra
que se abrre, se escancara,
para nós
queremos ficar de cara
com todas as coisas novas
que se entrecruzam
nas esquinas
criando poemas concre3tos
e abstratos.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

poema pornô


imagem: moon eclipse (last oone) - fdecomit/flickr,

arranca-me o medo
estanca-me o olhar cego,
cante uma canção dos beatles
ou das beatas
das velhas igrejas mineiras:
amarre em meu tornozelo
fitas do senhor do bonfim
e me afogue em cheiros
de banhos.
mata-me de prazer, baby,
nesta noitalucinante
olha o diamante no céu:
é uma lua
parindo gotas de chuva
em drops de anis
azulmarinho quase escuro
e os céus despencam chocolate
e morangos- shake shake shake
shakes pearls- sonetos e romeus
julietas e as cores de verona:
ah, as cores do amor:
cante, baby, canções antigas
de ninar velhos meninos
e me deixe sugar teu peito,
engolir teu umbigo
e me enrodilhar no teu colo:
a noite é dia é noite é dia
e eu tô tão sozinho
e a dor dói tanto-
ah- em que esquinas
eu perdi meus sonhos?