quarta-feira, 13 de junho de 2012

tempo


não posso deter o tempo.me ter]
o tempo não depende de meu gesto.
nem de vaidosa vontade.ele é rude.
sem rédeas,vai e volve,
à sua própria vontade.
nem como quebrar silêncios tenho
que de tão ruidosos
se instalaram na memória
e nos hipocampos de flores
que transbordam histórias.
não posso me ter em suas rimas
primas obras, novidades, relicários
calcários que se arvoram
em diamantes:
mas quero ser do seu tempo
cúmplice e artífice
me deixando em cada esquina
onde você, com seus mapas,
insistir em morar:
quero perder-me sem rotas
em retas curvas
turvas resistências
quebradas
em cada abraço seu, em cada olhar.

terça-feira, 3 de abril de 2012

oboé


no vácuo do tempo
o sopro de um oboé:
um gemido longo, louco,
rouco,
ecoa até hoje
nos tímpanos frouxos:
éramos nós
erramos os nós
e não nos desfazemos
das tralhas e trilhas
que nos prenderam ao leme
e o limo cresceu:
é hora!
abaixo as amarras
e as armas 
apenas amarás
todos os teus dias