segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

mercedes lorenzo


imagem: Skantzman/Flickr


a poeta de segunda, hoje, é mercedes lorenzo-
www.cosmunicando.blogspot.com


e de sanpaulicéia revirada chega o canto da palavra
e o encanto das imagens
desta poeta maior.
mercedes- de sedes tantas: sede da palavra que, lúbrica, se derrama
como leite bom,
trazendo à tona memórias, sentimentos
e as tantas signifâncias que delas podemos tirar.
mercedes traz luz às palavras-
rabiscadas sobre a pele do papel,
sobre a tela cibernbética-
sobre a tela dos artesãos da cor:
como elementos vivos, como cheiros:
e a nós cabe decifrá-las-
e recriá-las, a cada toque,
a cada torque dos dedos sobre o teclado
a cada risco de tinta
que escorre
lirismos entre os dedos

mercedes traz à vida imagens naturais e maturadas:
: fotogramas, fotodramas, lúcidos ensaios,
que falam por si sós:
poesia muda de se comer com os olhos,
de se beber com os ouvidos bem abertos,
de se embebedar
ouvindo o canto de sereia dos fotopoemas
e dos poemas fartos de tanta beleza...

mercedes: poeta concrelirica-
concreta nas raízes, nas metáforas, nas imagens
lirica na palavra que se derrama, sem cerimônia,
pelos seus versos que cantam, que gemem e que choram:
às vezes concisa, precisa, esteta-
outras vezes lírica em suas dúvidas e delicias:
imprecisa ao traçar sentidos e sentimentos-
lírica: como a vida quer

mercedes e suas sedes de tanto dizer- e do tanto, trago um pouco:


Há (H)

há sempre um meio
fluido
em meio a tudo
de compartilhar o nada
e ser de novo
mundo

E então ela encheu a noite

... de hoje
intersecção de nós
entre tanto
pensamento satélite
carruagem no céu
de luz difusa
abusada-mente linda
e vã.

Das Jardinagens

De todas as minhas acontecências
tem aquelas que repousam (jas)mim
e ficam sementemente cálidas
esperando chuva
Outras de gênio mais alecrim
brotam deserto, furam geada
ignoram inverno e reticências
sem se importar com mais nada

...são essas que me alfazemam


"Era Briluz"

porque me cabe a noite
nela me demoro.
vênus pisca numa torre imaginária
em cima do morro
vestígios do sol em segunda mão...
eis a senha
que sabe a silêncio.


Morph eu

dorme
meu
homem
teu sono leve
teu sonho justo
gasto
nos trilhos
dor
mentes
repousa o susto
dissolve a
dor
me
u homem
no afago lento
de
senhos
na epiderme
no epicentro
que eu
sismo
que eu
tremo
e
traço
geograficamente
em teu cansaço
que é
meu
amém
my
man.

poema branco

em linha reta
o risco é calculado
a língua se curva
na sede da palavra
a pena engana a folha
branca em essência
de tudo que turva
conturbando a via
o verbo, a vida
véu de inexistência
come a poesia

5 comentários:

  1. Danilo,
    eu nem sei o que te dizer diante de tal generosidade e delicadeza... teu texto introdutório é uma das coisas mais sensíveis e bonitas que já vi.
    Não esperava por isso, fui pega assim de "calças curtas" e me emocionou profundamente.
    Desejo vida longa para este espaço poético, cheio de amizade e respeito que você soube tão bem criar :)
    um super abraço e muito, muito obrigada mesmo!

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  2. Danilo, seus textos só fazem encantar os olhos e a alma. A Mercedes merece. Linda homenagem. Beijo aos dois.

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  3. Danilo!

    Seu olhar poético pescou a mais delicada flor da poesia. Concreta e lírica, e graças a isto como aprendemos com ela.

    Mercedes é Mil em uma só.

    Beijos

    Mirze

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  4. Danilo parabéms por este lugar de alargar idéias...

    e a Mê... é um brinde por assim ser !!!

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