terça-feira, 14 de junho de 2011
litania
imagem: Faber.Gray(Flickr)
não. não viver assim, feito caramujo
se escondendo nas conchas
se enroscando feito centopéia
quando pressente outro pé
se esgarçando nas canchas
nos cantos nas manchas
dos caminhos, temendo as claridades
e seus reflexos, comjo vampiros toscos
tortos fartos de mil anos de escuridão.
sim. entregar-se à vida e não temer
os outros. ser como os rapazes
rapaces
que agarram as moças
e as encoxam
em qualquer canto agarram as moças
e as fazem sentir o fogo do desejo
queimando as entranhas:o sexo
duro, celebrando a vida
e jorrando gozo pelos corpos:
preito à vida.
nunca ser como os rapazes tímidos,
enclausurados em grades
imagéticas
de moças intransponíveis
e nebulosas
que levam a sós para suas camas
em sonhos de punhetas
soturnas e solitárias:
celeabração do tédio.
não. não ser como estes seres
entravados
estorvados que se esquecem nas esquinas
agarrando as bolsas contra os peitos
murchos e caiados
decadentes desejos aflorando
vez em quando, em esgares
de risos frouxos.
sim. ser como os aventureiros
que desbravam cenários, arrebentam portas,
explodem buzinas, navegam sem bússolas
e sem rotas:
não querem retas, querem curvas
que é um caminho mais curto
entre os estares
e as estrelas.
não sim não sim
não.
a vida nos pede,
a cada dia,
brinde e celebração:
litanias à nós.
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Entregar-se inteiro, como esses seres, como os aventureiros, como nós precisamos e queremos. Danilo, que coisa mais linda! Beijo
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